Realidade desmente <br><i>brexit</i> catastrófico

O Banco de In­gla­terra ad­mitiu que os prog­nós­ticos sobre o im­pacto ne­ga­tivo da vi­tória do sim no re­fe­rendo à per­ma­nência da Grã-Bre­tanha na União Eu­ro­peia (UE), foram ma­ni­fes­ta­mente exa­ge­rados. Numa con­fe­rência re­a­li­zada sexta-feira, 6, or­ga­ni­zada por um grupo de pressão, o di­rector da ins­ti­tuição, Andy Hal­dane, con­cedeu que «[o Banco de In­gla­terra] pro­jectou uma de­sa­ce­le­ração mais forte da eco­nomia do que aquela que ocorreu», e lem­brou que ««o poder aqui­si­tivo das pes­soas não mirrou du­rante o úl­timo ano».

A con­fissão foi feita de­pois de os dados ofi­ciais con­fir­marem que, con­tra­ri­a­mente ao es­ti­mado du­rante a cam­panha elei­toral, o cha­mado brexit não teve, em 2016, con­sequên­cias de­vas­ta­doras, de­sig­na­da­mente no Pro­duto In­terno Bruto (o mi­nistro da Eco­nomia pro­cedeu a uma re­visão em alta do cres­ci­mento pre­visto para o ano pas­sado, de dois para 2,1 por cento) e na pro­dução in­dus­trial, com esta úl­tima a re­gistar um bom de­sem­penho.

Na quinta-feira, 5, um re­la­tório di­vul­gado pelo Centro de Pes­quisa de Ne­gó­cios da Uni­ver­si­dade de Cam­brige atri­buiu à fa­zenda pú­blica o pro­pó­sito po­lí­tico de in­flu­en­ciar o povo a votar pela per­ma­nência na UE. Tal ma­te­ri­a­lizou-se exa­ge­rando os efeitos ne­ga­tivos caso os bri­tâ­nicos se de­ci­dissem pelo aban­dono do país da UE, con­cluiu aquela en­ti­dade, que qua­li­ficou mesmo como «es­pe­cu­la­tiva» a abor­dagem vei­cu­lada pelo Banco de In­gla­terra, pelo go­verno e ou­tros ór­gãos de poder du­rante a cam­panha elei­toral.

Crise

Dia 3, o re­pre­sen­tante da Grã-Bre­tanha em Bru­xelas, Ivan Ro­gers, de­mitiu-se do cargo com acu­sa­ções de «pen­sa­mento con­fuso» di­ri­gidas ao go­verno li­de­rado por The­resa May. Ro­gers fa­lava a pro­pó­sito da con­dução do pro­cesso de des­vin­cu­lação do país da UE.

Em carta aberta aos em­bai­xa­dores na­ci­o­nais em Bru­xelas, pu­bli­cada na im­prensa in­glesa, o di­plo­mata apela-lhes a que «con­ti­nuem a de­sa­fiar os ar­gu­mentos in­fun­dados e o pen­sa­mento con­fuso e que nunca te­nham medo de dizer a ver­dade aos que estão no poder».

Em res­posta, a pri­meira-mi­nistra ga­rantiu que vai for­necer muito em breve de­ta­lhes sobre o guião de Lon­dres para o aban­dono da UE, o qual de­verá con­cre­tizar-se na Pri­ma­vera de 2019, isto de­pois de a Grã-Bre­tanha so­li­citar ofi­ci­al­mente o pe­dido de des­vin­cu­lação, o que de­verá su­ceder no pró­ximo mês de Março.

En­tre­tanto, The­resa May com­pa­receu a uma en­tre­vista na es­tação pri­vada Sky News para ad­vertir que o país não pode per­correr o pro­cesso de saída da UE man­tendo a ilusão de que irá manter «pe­daços» dos di­reitos de que goza en­quanto es­tado membro. Esta é a pri­meira vez que a chefe de go­verno con­ser­va­dora fala sem eva­sivas de al­gumas das con­sequên­cias do brexit, algo que po­lí­ticos como Ivan Ro­gers, par­ti­dá­rios da per­ma­nência, têm vindo a exigir.




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